Há muito tempo, na Arquitetura e na Decoração, as cores têm sido ou malvistas ou mal-empregadas. Por isso, muitos profissionais adotam o caminho mais fácil e menos arriscado, usando o branco ou das variações de branco - branco sujo, off white, e uma família de não-cores. Essas cores são tidas como clássicas, mas se passearmos por um museu de vários séculos atrás, veremos paredes vermelho-intenso, amarelos reais e azuis profundos.
Equilíbrio não é usar sempre a mesma paleta ou o tom sobre tom, como se recomenda há muito tempo. O que importa é passar a sensação que se deseja, porque as cores estão diretamente ligadas às nossas emoções, e têm o poder de transformar nosso ânimo.
Para escolher as cores é preciso saber o resultado que se quer atingir, qual a sensação que você quer ter no seu espaço. A cromoterapia (uma ciência que estuda a influência das cores em tudo) recomenda a ingestão de alimentos coloridos a pessoas depressivas, porque alimentos coloridos seriam alegres e trariam vitalidade.
Se lembrarmos dos tons das igrejas mais tradicionais, vamos ver que a paz não precisa ser branca, pode ser colorida, dourada até.
Pelo meu pouco convencional gosto pelas cores e mistura de materiais, já fui chamado de kitsch e até de subversivo. Meu trabalho é provocar e sugerir, entrar no universo das pessoas, interpretar as pessoas como se fossem personagens e construir um cenário para a vida delas.
Tenho um cliente que foi viajar quando o seu apartamento ainda estava branco e, quando voltou, seu apartamento estava cinza (inclusive o piso e o teto), com uma grande parede roxa, cor de berinjela. Ficou em pânico, mas quando colocamos os móveis, tudo entrou em perfeita harmonia, ficou aconchegante. Tomo essas decisões com responsabilidade, neste caso, o apartamento é superiluminado, e o ambiente mais escuro deixa o ambiente mais confortável e até mais fresco.
Na sala da minha casa escolhi um verde, foi quase instintivo. É a cor que complementa a minha coleção de objetos e arte popular brasileira, traz calma e força, além de uma sensação de ter esticado o jardim para dentro.
Fonte: Marcelo Rosebaum